Intimidade é uma coisa que acontece aos poucos em qualquer tipo de relação: amorosa, amizade, profissional, social. O convívio vai baixando a guarda, as rédeas vão afrouxando.
Faz parte do dia a dia. Um dia tomamos conhecimento de um problema pessoal, no outro vemos uma reação inesperada, observamos, nos identificamos, nos ajudamos, nos entendemos e finalmente pequenas e quase imperceptíveis liberdades vão sendo adquiridas de acordo com o tipo de relação.
Nas relações íntimas e pessoais o cuidado é para não achar que tudo pode, que tudo dá. Existe uma barreira tênue e quase invisível entre intimidade e privacidade. Pessoalmente gosto de manter as duas bem separadas, pois certas coisas são exclusivas de cada pessoa, sem necessidade nenhuma de compartilhamento.
Nas profissionais, penso que o desafio é maior, pois a linha divide pessoal do profissional. Se a relação for dentro de casa então, é delicada. Na empresa podemos fazer colegas virarem amigos, e bons amigos, temos os mesmos valores, ideias, cultura. Geralmente com os pares. Dificilmente com alguém hierarquicamente acima ou muito abaixo, esses em geral continuam colegas.
Em casa, a relação é de patrão / funcionário. Mas apesar das diferenças, o dia a dia cria uma relação de amizade. Um carinho vai se estabelecendo com o passar dos anos.
Já vi gente perder as rédeas, limites serem ultrapassados e a coisa desandar.
Mas também conheço casos em que ambas as partes nunca esqueceram seus papéis, e numa grande parceria de ajuda, respeito e carinho, a relação dura anos.
Se uma pessoa é “entrona demais” como se diz no coloquial, eu já piso no freio. Acho que liberdade, intimidade, conhecimento são construídos devagar. Conquistar seu espaço requer sutileza, observação.
Mesmo em empresa, quem chega chegando, acaba espantando os colegas, a equipe. Acredito que antes de agir devemos observar e conhecer. Prefiro um pouco de timidez, um pequeno excesso de respeito, até que depois tudo acha a sua dose certa, a sua medida.
Devagar com andor, que o santo é de barro.